Investigação
Tânia C. M. Pires, M. Gabriela T. C. Ribeiro, Adélio A. S. C. Machado, Avaliação da verdura química de processos de extração do óleo de laranja, XX Encontro Luso-Galego de Química, Porto, 2014, livro de resumos, 76.
2014-11-27
Autores:
Tânia C. M. Pires
M. Gabriela T. C. Ribeiro
Adélio A. S. C. Machado *
Instituições:
LAQV/REQUIMTE, Departamento de Química e Bioquímica da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto
*Departamento de Química e Bioquímica da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto
Resumo:
A ampla aplicação industrial do óleo de laranja (ou do limoneno, seu principal componente), a importância da sua extração a partir dos resíduos da indústria de sumos devido ao seu impacto negativo no ambiente, e o interesse da utilização de biomassa como matéria-prima renovável [1], são fatores aliciantes para o estudo dos respetivos processos de extração no contexto da Química Verde (QV). Assim, desenvolveu-se trabalho com o objetivo global de avaliar a verdura química dos diferentes protocolos de extração do óleo de laranja, para identificar quais são os mais verdes e procurar a sua otimização, utilizando intensivamente métricas de verdura para a sua aferição detalhada, quer tradicionais, quer outras de “inspiração industrial”. Esta comunicação refere-se aos processos que procedem à extração por destilação por arrastamento de vapor, que a métrica Estrela Verde (EV) [2-3] mostrou serem mais verdes do que os feitos com extração por solventes.
A análise revelou que os protocolos que envolvem arrastamento de vapor, mas usam solventes orgânicos no work-up, apresentam verdura reduzida devido aos perigos para a saúde humana e ambiente associados aos solventes (pentano, éter de petróleo e diclorometano). O procedimento que prescinde de solventes no work-up revelou-se o mais verde e foi o escolhido para trabalho experimental.
O estudo demonstrou a importância da análise da verdura química baseada quer em métricas quantitativas clássicas (e.g. Fator E), quer em métricas quantitativas mais ligadas à atividade industrial, mas com interesse no ensino laboratorial da QV, pois captam facetas importantes da verdura (Throughput, Intensidade de energia, EI, e Intensidade de tempo, TI), quer em métricas holísticas como a EV [2-3]. Estas métricas, usadas em paralelo como um sistema de metrificação, permitem uma visão mais global e realista da verdura.
O uso deste tipo de metodologia, se adotada na realização experimental da extração de óleo de laranja no ensino secundário e universitário, permite uma discussão da verdura química com alcance amplo e bastante formativa no ensino da QV. Em particular, evidencia a complexidade da verdura química e da própria QV – a variedade de aspetos em consideração, quando se pretende reformatar a prática da química para a QV, exige raciocínio sistémico para lidar com a multidimensionalidade dos problemas.
REFERÊNCIAS
[1] Lin, C. S. K.; et al., Food waste as a valuable resource for the production of chemicals, materials and fuels. Current situation and global perspective. Energy Environ. Sci. 2013, 6 (2), 426-464.
[2] Ribeiro, M. G. T. C.; et al., ‘‘Green Star’’: a holistic Green Chemistry metric for evaluation of teaching laboratory experiments. Green Chem. Lett. Rev. 2010, 3 (2), 149-159.
[3] Ribeiro, M. G. T. C.; et al., Assessing the Greenness of Chemical Reactions in the Laboratory Using Updated Holistic Graphic Metrics Based on the Globally Harmonized System of Classification and Labeling of Chemicals. J. Chem. Ed., 2014, 91 (11), 1901-1908.
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